Eu nunca fui carnívora
Eu nunca fui carnívora, mas preciso admitir: Uma das mais belas experiências de cozinha que tive foi saborear um pedaço de carne.
Comer carne sempre foi uma tarefa difícil para mim, muito trabalhosa, seu retorno nunca parecia compensar o esforço de cortar, rasgar e mastigar muito. Eu ficava ruminando a carne, tentando tirar dela alguma coisa que nunca vinha, um gosto, ou um prazer que os adultos sentiam e eu não. Eu simplesmente não conseguia comer aquilo!
Eu era criança e minha mãe negociava as cebolas, que eu adorava, para que eu comesse o bife e me prendiam a mesa para que eu terminasse as refeições. Mas, nos churrascos em Maricá, na casinha em frente a lagoa, aliás, como me diverti andando de bicicleta, caçando caranguejo e brincando com os vizinhos na piscina lá de casa, a churrasqueira acesa, e o meu prato principal continuava sendo o molho à campanha, seguido da farofa e do arroz.
E o que aconteceu? Por que meu paladar mudou tanto nos últimos anos? Eu deixei de tomar coca-cola, mas antes disso, conheci o Leo! Ele é um homem obscenamente talentoso. Pessoas apaixonadas cozinham melhor. Em suas mãos, a carne fica tenra, saborosa e suculenta.
O miolo rosado e úmido de uma peça grelhada à perfeição, fatiada devagar com uma boa faca e acomodada em um bonito prato é uma experiência inesquecível. É sublime.
Hoje, o arroz, a farofa e o molho à campanha muitas vezes vem acompanhado de uma carne preparada por ele. E eu gosto.